quinta-feira, 18 de junho de 2009

Bradesco investe no crédito imobiliário

No período em que o País ainda sente os efeitos da crise, o setor de crédito imobiliário pode ser a aposta de crescimento das instituições. De olho nesse potencial, o Bradesco aumentou o prazo máximo de financiamento de 25 para 30 anos e reduziu a taxa de juros de diversas modalidades.

Segundo o vice-presidente do Bradesco, Norberto Barbedo, a meta com a ação é alcançar 26% de participação no mercado no setor em até 18 meses, ante a participação atual de 22%। "Esses clientes ainda farão negócios com o banco por 5, 15 e até 30 anos", projeta o executivo, apostando no crescimento orgânico a partir de uma base de clientes maior।

Ainda segundo ele, a expectativa é de um incremento substancial nos financiamentos às classes mais baixas. "Há um esforço do governo nesse sentido, com o programa 'Minha Casa, Minha Vida', e isenção do imposto sobre produtos industrializados [IPI] para material de construção. Por isso, teremos uma política agressiva em relação a clientes com rendimentos dentro dessa faixa de três a dez salários."

Barbedo garante que haverá atenção a todas as camadas, mas a expectativa é de que essa seja a faixa salarial que irá apresentar maior crescimento. Ainda segundo o vice-presidente, a carteira da instituição deverá ter uma redução, de R$ 6,3 bilhões, em imóveis financiados até dezembro de 2008, para R$ 5,5 bilhões em 2009, porém com aumento do número de unidades financiadas e da participação de mercado.

"Vamos entrar para vencer. Queremos uma participação de mercado condizente com o tamanho do Bradesco", afirma Barbedo.

O líder no segmento, o banco Caixa Econômica Federal, já financiou R$ 10 bilhões em imóveis até abril deste ano, um crescimento de 104% em relação ao mesmo período de 2008. A instituição iniciou o ano com a meta de destinar R$ 27 bilhões para o crédito imobiliário, porém já estuda rever esse montante.

Para Barbedo, o setor de crédito imobiliário deverá responder por 7,8% do Produto Interno Bruto até 2011, ante uma representatividade atual de 2,3%.

Ele também acredita em que a caderneta de poupança perca espaço como principal fonte de recursos para essa linha de crédito, a partir de 2011.

O maior volume de empréstimos fará com que os agentes desse sistema recorram a outros instrumentos, porque só a poupança não será suficiente. "O sistema passará a recorrer mais a securitização e a operações estruturadas", disse. Essa mudança independe das alterações feitas na caderneta de poupança. A partir do ano que vem, o governo passará a cobrar imposto de renda dos rendimentos das aplicações superiores a R$ 50 mil. "Essa mudança pode até causar alguma migração [para outro investimento], mas será pequena. Independentemente disso, a poupança é temporária no sentido de alavancar o crédito imobiliário no País."

A poupança é hoje a principal fonte de financiamento para construção e aquisição de moradias. O financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) totaliza, no ano, até abril, R$ 8,256 bilhões, um crescimento de 10,26% na comparação com igual período de 2008, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Entre maio de 2008 e abril de 2009, o valor chega a R$ 30,801 bilhões, recorde para um período de 12 meses.
Para Barbedo, o incremento das operações de crédito imobiliário no Brasil depende de estabilidade e previsibilidade na economia। Com isso, as condições de financiamento a empresas e a pessoas físicas irão melhorar.

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